quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

A HISTÓRIA DE SÃO JOÃO DO SÓTER


A história de São João do Sóter se inicia nas primeiras décadas de 1900, quando o senhor João Poleiro e sua família, oriundos de Caxias, passaram a habitar o local onde se formaria o povoado São João dos Poleiros. O nome “poleiro” refere-se à vara ou outra peça de madeira sobre a qual aves, especialmente galinhas, pousam e dormem. Assim era conhecido o senhor João Poleiro, por dedicar-se à criação de galinhas no local de que era proprietário e onde, no futuro, se formaria a sede do município de São João do Sóter.

            Em sua obra “São João do Sóter – Sua História Contada em Cordel”, Nonato Pires conta que “o primeiro a fazer morada” no município teria sido um homem chamado Nicolau Fialho, mas isso “não está escrito em nada”. Assim, “os documentos comprovam”, que João Poleiro “foi o primeiro e único reconhecido até agora”. Segundo Nonato Pires, a história de São João do Sóter tem início em agosto de 1889, “data provável” quando João, “cidadão pobre, fugindo da feitoria”, veio com esposa e filhos para as terras sotenses. (Feitoria era a administração de mercadorias e, na época, também escravos).

            Em seu relato, Pires detalha que João “aqui ergueu seu barraco” e, além da criação de galinhas, contava ainda com a “abundância da caça, do peixe e do mel”. A partir daí, “logo outras famílias se instalaram, vivendo em harmonia” e “Poleiro então liderava”.

            Beneficiado pelas leis da época, conta Nonato Pires, João Poleiro “retirou a sua fatia de terra” para trabalhar. Não há registros sobre o destino de João e sua família. Conta e canta Nonato Pires:

“A história não nos conta
Para onde foi João
Depois que a vila cresceu,
Para onde fora então
Deixando aqui um povoado
Sem ninguém da geração.”

De 1917 a 1920, o cearense Mariano Campos, morador do bairro Ponte, em Caxias, juntamente com sua esposa, Maria do Carmo Campo, comprou de Benedito Lima as terras onde se situava o povoado São João dos Poleiros. Mariano Campos, agricultor e ferreiro por profissão, prestava serviços à população daquele povoado e localidades vizinhas e logo passou a ser reconhecido na região.

Mariano Campos contribuiu para o crescimento do povoado, desenvolvendo nele a cultura da época, a plantação da cana-de-açúcar, e a implantação de engenho para produzir os derivados da cana. Essa iniciativa trouxe forte crescimento para o povoado, tanto no aspecto econômico quanto no populacional e social, com oportunidades de criação de mais empregos.

Mariano Campos faleceu na década de 1930. Deixou viúva Dª Maria do Carmo e órfãos os filhos Euclides, Sebastião e Eugênia. Os dois filhos homens faleceram ainda jovens, ficando somente Eugênia Campos como herdeira da propriedade.

Após a morte de Mariano Campos e seus filhos, Eugênia Campos conheceu Sóter de Sousa Mendes, jovem tropeiro do senhor Pedro Jaime, dono do povoado Alegria. Sóter e Eugênia casaram-se e deram continuidade aos negócios de Mariano Campos: acentuaram o processo de povoamento da localidade e ampliaram a cultura da cana-de-açúcar e administração do engenho, comércio, escolas e igrejas para atender a população de seu povoado.

Em 1971, Sóter Mendes faleceu na cidade de São Paulo (SP) e os negócios da família foram continuados por seu filho, Carlos Alberto de Campos Mendes, o Carlito Mendes, jovem formado em Ciências Econômicas e que trouxe alguns benefícios para sua propriedade. Por exemplo, em 1975 instalou o primeiro poço artesiano, que forneceu água encanada na localidade.

Carlito Mendes também ampliou a plantação da cana-de-açúcar, a administração do engenho, investiu na pecuária e na avicultura, implantando uma granja e ampliando a geração de empregos. Em 1981 trouxe energia elétrica para São João dos Poleiros, uma novidade, que propiciou entretenimento e melhor qualidade de vida para a população.

Na década de 1980, Carlito Mendes vende o povoado para o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), que o loteou para os moradores da comunidade em terrenos urbanos e rurais.

A origem do nome “São João do Sóter” vem do cruzamento do nome do ex-povoado “São João” dos Poleiros com o nome do antigo proprietário do povoado, “Sóter” Mendes. Junte-se a isso o fato de a herdeira das terras sotenses, Eugênia Campos Mendes, ser muito religiosa e devota de São João Batista, santo que se tornou o padroeiro da cidade. (Leia ao final texto com mais detalhes sobre a origem do nome do município e das palavras que o formam).

Em 19 de junho de 1994 foi realizado o plebiscito, quando o povo decidiu pela independência de São João do Sóter, independência confirmada cinco meses depois, com a assinatura da Lei estadual nº 6.157, de 10 de novembro 1994. Dois anos depois, em 03 de outubro de 1996, foi realizada a primeira eleição municipal, e em 1º de janeiro de 1997 o município foi definitivamente instalado.

Como muitos outros municípios novos do estado do Maranhão, São João do Sóter foi criado em razão do anseio de sua população somado a acordos políticos, assim atendendo a vontade de todos por melhoria das condições socioeconômicas, a serem ampliadas pelos incentivos -- que são buscados -- dos governos, principalmente o Governo Federal.

Com a emancipação surgiu mais oportunidades de crescimento e desenvolvimento. Cada prefeito do município contribuiu, a seu modo, na construção histórico-social de São João do Sóter.

A ORIGEM DO NOME DO MUNICÍPIO

O nome “São João do Sóter” tem origem na associação do antigo nome do povoado (“SÃO JOÃO dos Poleiros”) com o prenome do proprietário das terras, Sr. SÓTER Mendes. Assim, com  lei de 1994, que criou oficialmente o município, ficou o nome SÃO JOÃO DO SÓTER.
A PALAVRA “SÃO”

A palavra “são” é uma forma reduzida do substantivo “santo” (que, por sua vez, vem do latim “sanctus”, sagrado).

Assim como, por exemplo, se reduz a palavra “cinema” para “cine”, igualmente ocorreu de “santo” para “são” (em espanhol, “san”).

A esse processo de diminuição da palavra dá-se o nome técnico de apócope, palavra que vem do grego e significa “supressão”, eliminação parcial.

A PALAVRA “JOÃO”

“João” é um antropônimo, ou seja, um nome de pessoa. O nome tem sua origem no hebraico, língua na qual foi escrita parte da Bíblia (o Antigo Testamento) e que é falada em Israel, país do Oriente Médio, nas costas do Mar Mediterrâneo.

Em hebraico, o nome “João” é escrito “Yohanan” ou “Yehohanan” e significa “graça de Deus” ou “graça divina” ou “Deus é misericordioso”.

O nome “Yohanan” veio para o grego “Ioánnis” e, depois, para o latim “Ioannes”, e, daí, para o português “João”.
O NOME “SÓTER”

                 Busto de Ptolomeu Sóter.
O nome “Sóter” vem da palavra grega que significa “salvador”, “protetor”.

Esse foi o nome ou título dado ao general Ptolomeu, da Macedônia, antiga região da Grécia. Ptolomeu, que viveu há 34 séculos antes de Cristo nascer, auxiliou o povo da ilha grega de Rodes a se libertar de um cerco. Agradecido, o povo instituiu uma festividade para honrar Ptolomeu como seu “Sóter”, seu salvador.

A palavra “Sóter” também consta na expressão grega que fala da ligação de Cristo com Deus: "Iesous Christos Theou Yios Soter", que significa "Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador".
SÃO JOÃO BATISTA

São João Batista nasceu milagrosamente em Aim Karim, cidade de Israel que fica a 6 quilômetros do centro de Jerusalém. Seu pai era um sacerdote do templo de Jerusalém chamado Zacarias. Sua mãe foi Santa Isabel, que era prima de Maria Mãe de Jesus. São oão Batista foi consagrado a Deus desde o ventre materno. Em sua missão de adulto, ele pregou a conversão e o arrependimento dos pecados manifestos através do batismo. João batizava o povo. Daí o nome João Batista, ou seja, João, aquele que batiza.

São João Batista é o primeiro mártir da Igreja, e o último dos profetas. Sua festa é celebrada desde o começo da igreja, no dia 24 de junho (Decretado feriado municipal do padroeiro da cidade). Ele é venerado como profeta, santo, mártir, precursor do Messias e arauto da verdade, custe o que custar. Sua representação é mostrada batizando Jesus e segurando um bastão em forma de cruz.

10 comentários:

  1. Moro na região de São João a 21anos e nunca tinha procurado saber da história que é muito interessante.

    ResponderExcluir
  2. Leio, e com espanto: "Em 19 de junho de 1994 foi realizado o plebiscito, quando o povo decidiu pela independência de São João do Sóter...."

    Lascou! Decretaram a independência de São João dos Poleiros!!! Quem foi o Dom Pedro I de lá?

    Povoado se emancipa, não DECRETA INDEPENDÊNCIA!!!

    ResponderExcluir
  3. Me emocionei lendo a história da cidade onde passei minha infância

    ResponderExcluir
  4. Interessante a história da nossa querida cidade

    ResponderExcluir
  5. De uma pequena história, a um grande amor por esta terra acolhedora.
    Cícero Guedes

    ResponderExcluir
  6. Amo esta cidade! ❤️

    ResponderExcluir
  7. Fico feliz de saber da história dessa cidade, ainda mais que Pedro Jaime era meu tataravô.

    ResponderExcluir